sábado, 29 de outubro de 2022

Movimento Armorial - A Literatura Nordestina

 


Hoje, 29 de Outubro, comemora-se o Dia Nacional da Literatura, conhecemos escritores como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e até Clarisse Lispector. Mas o que eles têm em comum? Nenhum deles é nordestino. Infelizmente não lembramos ou sequer aprendemos algo sobre a literatura aqui no Nordeste. Porém é por esse motivo que escrevemos este artigo especial: Você sabia que já houve um estilo de arte bem ali no Sertão que queria fortalecer nossa cultura? Não? Pois conheça, meu bom leitor, o Movimento Armorial e a sua importância.


Tudo começou em 1945 com o grande escritor paraibano Ariano Suassuna, na época ele analisava a chamada "Terceira Fase do Modernismo" - que estava acontecendo lá em São Paulo e Rio de Janeiro - e provavelmente pensou: Por que não há um fortalecimento da Cultura Nordestina baseado na arte? Ele continuou com essa ideia guardada em sua cabeça até a data de 18 de Outubro de 1970, quando Ariano organiza um concerto pedagógico intitulado "Três séculos de Música Nordestina" no Pátio de São Pedro, em Recife. Lá, ele declara o início de um movimento que defenderia a Cultura Nordestina, assim nasce o Movimento Armorial, em suas palavras, ele diz:

"A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos "folhetos" do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus "cantares", e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados."


Tal qual a citação de Suassuna, o movimento tinha como proposta a preservação do que é nordestino - isto é, o Cordel seria o estilo predominante, tal qual na escrita, as ilustrações seriam feitas em xilogravuras, pintura característica da época, e as narrativas seriam escritas como um conto medieval, ou sejam seriam ambientados castelos, príncipes e vilões no árido Sertão Nordestino.

São inúmeros os exemplos inspirados neste estilo, como a marcante construção do Castelo de São José do Belmonte, as obras "O Auto da Compadecida", "O Romance da Pedra do Reino", as xilogravuras do desenhista Gilvan Samico, as músicas de Antônio Nóbrega, entre outros que se espalharam por toda esta região brasileira. Vale destacar que Ariano Suassuna não defendia uma mistura entre estilos artísticos, já que ele afirmava que o Armorial em si é puro em essência, não sendo necessário uma adição.

 Todavia, o estilo passou a perder força a partir da década de 90 com a chegada do Mangue-beat, seu "arquirrival" que começou a afirmar que deveria sim haver um sincretismo cultural, sendo isso o que leva à arte segundo eles.

Considerações finais

É interessante notar o quão difícil é encontrar este tema em nossos livros escolares, se você estudou o Movimento Armorial, meus parabéns, você tem sorte, porque o povo nordestino em si não conhece este estilo, esta ideia que lutava pela resistência da cultura nordestina, o movimento em si não tem forças atualmente, mas por que não lutarmos por essa causa? Somos nordestinos, devemos salvar o cordel, a xilogravura e mais. Para mim este movimento traz reflexões, espero que também traga para o leitor.





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