8 de Março - dia das mulheres

    

   O dia 8 de Março é bastante conhecido como o "Dia Internacional da Mulher" em vários países do mundo - inclusive no próprio Brasil. Mas qual é o propósito de celebrar este dia? Deveria ser uma "comemoração", ou melhor, uma celebração da mesma forma do que ocorre no "Dia das Crianças"? Pelo contrário, esta data ao invés de ser festejada, deve ser um dia para reflexão, compreender o que deve ser mudado e quais progressos já foram obtidos.

   Dessa forma, trazemos no artigo desta Quarta-Feira, algumas figuras femininas e principalmente nordestinas das quais podemos aprender sobre suas ações e seus legados deixados para a nossa contemporaneidade.

1.Santa Dulce dos pobres

Nascida na cidade de Salvador -Bahia- em meados de 1914, a freira Maria Rita de Sousa Brito Lopes, mais tarde conhecida como Santa Dulce dos Pobres é uma figura bastante recordada tanto no meio religioso católico, como deveria também ser como uma importante figura feminina no âmbito social. Uma vez que grande parte de suas ações enquanto freira era o apoio à pessoas em situação de necessidades extremas. Bastante caridosa, desde jovem ajudava os necessitados, havendo relatos de ocupar a sua própria casa com pobres, inclusive, uma de suas ações mais marcantes foi por fazer parte da fundação do atual hospital filantrópico Santo Antônio, na Bahia.

2.Rachel de Queiroz

Romancista, jornalista, tradutora, dentre tantos outros títulos importantes, a escritora cearense Rachel de Queiroz tem um importante papel para a literatura brasileira, principalmente com a publicação da obra "O Quinze", que marca o início da segunda fase do Modernismo brasileiro, cujo foco é na crise social que se encontra na região Nordeste do país. Durante o período do Estado Novo, viu-se perseguida devido suas obras serem consideradas "subversivas" pelo governo. Todavia, tornou-se a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras em 1977, feito este nunca antes alcançado até aquele momento.

3.Maria Quitéria

Também natural da Bahia, Maria Quitéria de Jesus Medeiros é oficialmente considerada como uma das Heroínas da Pátria, devido seu corajoso feito de fazer parte da Luta de Independência do Brasil. Como naquela época era proibido o alistamento feminino, Maria Quitéria havia se disfarçado de homem em um momento inicial. Todavia mais tarde descobriu-se que era do sexo feminino, mas devido a sua coragem e valentia, foi alçada posteriormente como primeira cadete de seu regimento. Após a independência, foi condecorada com a Imperial Ordem do Cruzeiro, entrando para a história como uma das Mulheres mais importantes do Brasil.

Podemos aprender muito nessa data. O dia das mulheres não deveria ser reservado somente à entrega de presentes por ser o "dia", o propósito dela é justamente a conscientização de que assim como os homens, as mulheres também têm o seu forte papel na sociedade em que vivemos, aprendemos assim com esta pequena lista de mulheres importantes na história nordestina! Ainda assim, há muito o que ser descoberto, quantas "Marias Quitérias" ou "Irmãs Dulces" ainda existem ao redor de nós? Essa data é para elas, para simbolizar a força que elas têm para mudar a história.

Sobral e Einstein - unidos por um eclipse

 

Nascido na cidade de Ulm -Alemanha- em 1879, Albert Einstein é sem dúvidas um dos cientistas mais brilhantes de toda a humanidade, tendo suas teorias e cálculos revolucionado toda a física e congêneres. Todavia, sua obra mais marcante - A Teoria da Relatividade Geral- só foi aceita pela comunidade científica devido um evento que ocorreu aqui no Nordeste! Mais especificamente em Sobral no Ceará, que explicaremos ao longo do artigo.

Uma Teoria "revolucionária"

Tudo começa em 1915, quando Einstein publica a conhecida "Teoria da Relatividade Geral", em termos resumidos e simplificados, pode-se dizer que uma das características da teoria estava baseada na suposta existência de uma "malha temporal", e quanto maior fosse a massa de um corpo, maior seria seu peso nesta malha, que alteraria o curso da luz caso esta passasse próxima ao objeto em questão, da a sensação de que a luz seria "entortada".

Deve se ter em mente que essa teoria, caso comprovada, refutaria as ideias postuladas por Isaac Newton, paralelamente, sua obra é publicada durante a Primeira Guerra Mundial, que protagonizava tanto o Império Alemão, quanto o Império Britânico. Assim, muitos cientistas ingleses começam a buscar a todo custo uma maneira de comprovar o quão errada estava a teoria de Albert Einstein, afinal se tratava de "Inglaterra X Alemanha" (Newton X Einstein).

Teoria em prática

Após diversas discussões e críticas a respeito da teoria, surge uma oportunidade, e esta estava localizada na simples cidade de Sobral, Ceará, em meados de Maio de 1919. De pronto, um grande número de cientistas ingleses viajam para o Nordeste a fim de testemunhar tamanho evento e também para comprovar se a Teoria da Relatividade estaria correta.

Assim, a população cearense começa a se espantar com a quantidade de enormes equipamentos e a quantidade de "estrangeiros", não compreendendo muito bem o significado daquilo. Todavia a resposta surge às 9h do dia 29 de Maio do mesmo ano: O dia se torna noite, e a Lua cobre por completo o Sol durante 5 minutos. A população, aflita, não entende o que está acontecendo e muitos se refugiam próximo à igrejinha local, temendo ser o Juízo Final, mas ao mesmo tempo, os diversos astrônomos situados no local começam a fotografar o Sol, obtendo várias fotos que posteriormente, em 6 de Novembro de 1919, na Royal Astronomical Society, testificam da Teoria de Einstein.

O Legado

Sem dúvidas, a Teoria da Relatividade só se torna conhecida por este fenômeno ocorrido no Nordeste, além do mais, havia também astrônomos brasileiros que estavam na comitiva britânica em Sobral. Dessa forma o eclipse não só influencia positivamente a Ciência em geral, como também o papel da Astronomia brasileira, tal fato pode ser comprovado no site do Observatório Nacional, que possui mais informações e arquivos sobre o ocorrido, no qual você pode entrar clicando aqui.

Copa do Nordeste: a "Lampions League"

 

Dia 21 de janeiro deste ano, haverá o início da edição de 2023 da Copa do Nordeste, um dos campeonatos esportivos mais comentados na região. A competição é uma das mais tradicionais do Brasil, carregando portanto muita história, conheceremos hoje qual foi a origem da famosa "Lampions".

História

Segundo os arquivos da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o "Nordestão" teria começado em meados de 1975, com o início do Torneio José Américo de Almeida Filho, que reuniu predominantemente os principais clubes nordestinos da época, com a participação especial de alguns clubes cariocas em detrimento de apoio à CBF, tais quais o Volta Redonda.

A Copa do Nordeste passa então por um longo hiato, retornando somente em 1997, sendo agora administrada pela CBF, com a regulamentação de que somente haveriam 16 times participantes e eles se enfrentariam mediante o sistema mata-mata - eliminatórias. O campeão da primeira edição tida como oficial foi o Vitória, após duas disputas contra seu rival Bahia.

Passado 26 anos, o campeonato sofreu grandes alterações, permitindo atualmente a participação de 16 times, com quatro clubes que passam pela "pré-copa" e 12 times já escolhidos com base na titularidade do estadual, melhor rendimento na classificação da CBF e os clubes presentes na Série A.

Os maiores campeões são os times Bahia e Vitória, ambos com 4 titulos. Ao todo, somente 6 estados possuem um título da competição, são eles: Bahia (8 títulos no total), Ceará (4 títulos), Pernambuco (4), Paraíba (1), Rio Grande do Norte (1) e Maranhão (1). A "Lampions" também é detentora de grandes goleadas, tal qual a partida entre Náutico e Uniclinic de 2017 (atual Atlético Cearense), que encerrou em 9 × 0 para o clube pernambucano.

Apelidos

O Campeonato é detentor de vários apelidos, como a Lampions League, que faz referência à competição europeia "Champions League" e também a Lampião, figura importante na cultura nordestina. Um dos apelidos também mais comentados é intitulado Nordestão, que para opinião do autor é uma ótima escolha, visto que semelhante ao Brasileirão, a Copa do Nordeste possui um propósito em si: Promover a união da região em torno de um esporte - o futebol, e assim como qualquer outro torneio, permite a existência de um laço em comum entre todos os estados nordestinos, criando cada vez mais um sentimento de pertencimento mútuo.

O Mistério da Serpente de São Luís

Como venho desde sempre falando, O Nordeste é lar de muitos mistérios e lendas, que até hoje fazem parte do nosso imaginário, tal qual "a lenda do Cabeça de Cuia" (que inclusive já falamos aqui)" e  de vários outros exemplos. Mas hoje focaremos em uma lenda oriunda da mágica Ilha de São Luís - capital maranhense - que cita a presença de uma Enorme serpente que vive debaixo da Ilha do Amor. Curioso? Então vamos lá!

A Serpente de São Luís

Há meados do século XVII, o Maranhão havia sido colonizado não por portugueses, mas por franceses, que tinham começado uma "corrida colonizadora" ao lado de ingleses, espanhóis, holandeses e do próprio Império Luso. Todavia eles são expulsos da França Equinocial (como era chamado São Luís e região) após um confronto entre os portugueses e tabajaras contra franceses e tupinambás em meados de 1615 na batalha conhecida como Batalha de Guaxenduba (que por sinal, também é rodeada por um certo milagre que poderemos falar posteriormente), dessa forma, Maranhão se torna parte da Colônia Portuguesa.

Posteriormente, saltamos para aproximadamente 1796. Neste período, a capital ludovicense e proximidades eram administradas pelo governador D. Fernando Antônio de Noronha, que, no ano referido, ordena a construção da conhecida Fonte do Ribeirão, que tinha como objetivo ser uma fonte acessível a todos a fim de que o saneamento da cidade se tornasse melhor. A fonte possui enormes galerias, que rapidamente seriam lar de um dos mais memoráveis contos da cidade - A serpente gigante, que segundo os moradores, era uma cobra enorme cuja cauda estava debaixo da Igreja de São Pantaleão e iria até a denominada Fonte do Ribeirão, onde estava a sua cabeça, totalizando mais de 1km de distância.

Segundo a lenda, caso a Serpente conseguisse se enrolar e com sua cabeça, alcançasse a cauda, ela se ergueria da cidade e afundaria toda a Ilha de São Luís.

A Origem da lenda

Conforme alguns escritores, a história de uma serpente que viria a devorar um povo não surgiu somente com a construção da fonte. De acordo com o escritor Fernando Kitzinger Dannemann, o conhecido padre Antônio Vieira - em sua passagem pelo litoral - soube de uma lenda contada pelos indígenas locais que afirmavam sobre uma imensa cobra que habitava as profundezas dos arredores de São Luís e que caso fosse acordada, erguer-se-ia do fundo para devastar toda a cidade.

Assim, aprendemos que uma lenda, mito ou semelhante pode, sem dúvida alguma, se adaptar mediante as situações, tal qual a Lenda da Serpente, há vários outros que podemos aprender, cabe somente a nós descobrirmos.

“Vou te contar uma história

Que veio do Maranhão

É sobre uma criatura

Que dá muita assombração

É da serpente que habita

A Fonte do Ribeirão

Cuja cabeça é ali

E a cauda em Pantaleão”

“Há rumores que a Serpente

Se originou no mar

De lá foi pras galerias

Onde ficou a se enrolar

Falam que se um dia a cobra

Com a boca, a cauda tocar

Eis que a ilha maranhense

Irá logo afundar” 

                         (O Cordelista)

Noite Iluminada (Cordel)

Numa noite muito escura
Vejo o Céu bem estrelado
Lua cheia iluminando
Todo o campo já avistado
Sua distinta brancura
É a marca dos namorados

Tanta estrela tão brilhante
Que nem consigo contar
Cada uma mais brilhante
Que nos deixa a admirar
Quem tem criatividade
Vê desenhos a formar

É bem fácil, veja só:
Escolha um ponto qualquer
Pegue agora outra estrela 
Mais próxima que estiver
Use sua inteligência
Ligue-os, faça o que quiser

Tem gente que vê cachorro
E outro que vê objeto
Eu mesmo já formei pipas
Triângulo e traço reto
Esse céu é um quadro limpo
De fato um painel aberto

Podemos criar histórias
Mitos, contos, muitas lendas
Sejam elas de terror
Causos, lutas ou até prendas
Só depende de você
Escolha um ponto e inventa

Olha só, o tempo passa
Noite fica mais escura
Começo a ver umas coisas
Que tão pouco tempo dura
Chamam de estrela cadente
Que excede tanta brancura

Elas surgem lá do nada
E assim como vêm, já vão
Formam um risco no céu
Parece alucinação
É de fato bem estranho
Essa luz na imensidão

Mas eu te digo a verdade
Estrelas, não, nunca foram
Elas são só meteoros
Que atravessam e apavoram
Passam silenciosamente
Mas dizem que as "coisa estouram"

Vejo outra luz se movendo

Mas não sei o que ela é

Vai passando lentamente

Linha reta, até onde der

De onde veio, pra onde vai?

Se é raro ou coisa qualquer?

Tem quem diga que é do além

E que é disco voador

Que passa pra abduzir

Pessoas sem sentir dor

E que vai sem deixar rastros

Metendo a todos pavor

Perguntei pra tanta gente

Até vir cabra da peste

dizer que "ET" era mentira

E que aquilo era satélite

Viaja no mundo todo

Só se esconde em azul celeste

Função do Satélite é

Promover muito sinal

Já pensou em "ligá a Tevê"

Sem a qualidade real?

Pois te digo meu amigo

De pior viria a mau

Alguns passam agrupados

Nunca soube tal motivo

Talvez seja do governo

Tentando passar furtivo

Pois se enganam com a gente 

Que admira à olho vivo

Para terminar rimando

Falo de outra maravilha

Veja que o tempo passou

E olhe o quanto o Sol brilha

Já vem findando esta noite

Acabando a estelar trilha

Luiz Gonzaga dizia

"O céu já mudou de cor"

É o que vou dizer agora

Olhe a estrela já se por

O Sol vem dando lugar

E o dia indo a favor

Alvorada já chegou

E a noite já terminou

Para casa tomo rumo

Porque sonolento estou

Meu amigo, até logo

Te vejo depois, falou

                           (O Cordelista)

O Massacre da Pedra do Reino - uma memória macabra

 São inúmeros os eventos mais diversos que já ocorreram por todo o Nordeste, sejam momentos de luta, independência, ou até de descobertas incríveis. Porém ao mesmo tempo, o Sertão é lar de acontecimentos tristes e até macabros! Bom, o artigo desta semana aborda um acontecimento que aterrorizou toda uma cidade e arredores de Pernambuco, falo sobre o Massacre de Pedra Bonita, que ficou marcado até as gerações de Euclides da Cunha e inclusive de Ariano Suassuna.

Prólogo

Antes de contar diretamente do ocorrido, precisamos nos ater ao contexto em que a tragédia se alicerçou, ou seja, vamos ao séc XVI, mais precisamente em Marrocos, onde ocorria a Batalha de Alcácer-Quibir, nela estava o jovem rei de Portugal chamado Dom Sebastião, que, aos 24 anos, havia se lançado ao Continente Africano com o fim de criar uma "Cruzada ibérica" contra os muçulmanos que lá estavam e que haviam deposto um dos aliados de Sebastião. A batalha dura um dia inteiro, com as tropas portuguesas já desgastadas pela fome e cansaço.

Rapidamente, as tropas muçulmanas conseguem dominar os "cruzados", que fogem prontamente. Todavia, ao baterem em retirada, percebem que Dom Sebastião não estava entre eles! A partir deste evento, surgem teorias do que poderia ter ocorrido com o rei - alguns céticos afirmaram que ele deveria ter morrido em batalha, enquanto outros lançaram uma hipótese totalmente diferente: durante o confronto, Sebastião poderia ter sido "arrebatado" para um local totalmente incrível, que havia riquezas infindáveis e um enorme exército, e que ele mesmo retornaria no momento oportuno, quando traria as imensas riquezas para Portugal e faria dele um grandioso império. 

No entanto, anos se passam e esta lenda começa a ser escrita em cordéis, que finalmente chegam ao Nordeste e daqui se espalham rapidamente, conquistando muitos seguidores, que acreditavam que Sebastião retornaria e faria do Sertão um lugar próspero, é então em meados de 1830 que surge uma figura bastante peculiar, chamado João Antônio Vieira dos Santos, que passou a pregar e afirmar onde Dom Sebastião retornaria: Em São José do Belmonte, Pernambuco.

Forma-se um culto

Segundo historiadores, o culto se inicia nos arredores de Villa Bella, na qual o jovem antes referido pregou ao povo que Dom Sebastião em breve retornaria em um local chamado Pedra Bonita - lá, as pedras presentes no local se transformariam em um grandioso palácio, e aqueles que estivessem com ele, se tornariam ricos e (conforme alguns rumores) deixariam de "serem negros para se tornarem brancos". Logo, toda aquela população sertaneja, que vivia em plena miséria, agarrou-se à crença sebastianista e prontamente migraram para a chamada agora Pedra do Reino, estabelecendo-se lá uma forma de "reino" pelos próprios seguidores, tendo como "Rei provisório" João Antônio, sacerdotes e um "conselheiro" do rei, que se chamava João Ferreira.

Práticas como a poligamia se tornam comum no local, além de longas festas com bebidas e alucinógenos locais. Segundo alguns relatos, João Antônio portava consigo um folheto de cordel e duas pedras preciosas, que ele afirmava serem provas de que Dom Sebastião estava próximo.

O início e fim do massacre

Com o passar do tempo, o "conselheiro" João Ferreira passou a adotar ideias consideradas macabras - passou a pregar que para que Sebastião retornasse ao local, seria necessário que "regassem o solo e limpassem as pedras com sangue", a partir daí começam a surgir maléficos rituais de sacrifícios, em que mães jogavam seus filhos recém-nascidos nas rochas e idosos eram decapitados para lavarem a Pedra do Reino, conta-se inclusive que, durante uma alucinação, o sogro de João Antônio teria pego seus dois netos e com eles saltado de uma das rochas, matando ambos - diz-se que os primeiros migrantes foram 300 sertanejos, destes, 50 foram mortos no primeiro ritual, e 80 no segundo.

Após tamanhos relatos macabros serem espalhados pelos povoados próximos, a notícia chega aos ouvidos do Major de polícia Manoel Pereira da Silva, junto com suas tropas, eles enfrentam rapidamente os fanáticos de Pedra Bonita em meados de Maio de 1838, lá as tropas policiais também sofrem baixas, no entanto o "reino" é desfeito com sucesso e o Sebastianismo se torna apenas uma memória na região.

Conclusão

Sem dúvidas, este incidente tornou-se memória e até patrimônio histórico de São José do Belmonte, no munícipio, são realizadas as festividades denominadas "Cavalgadas", que retratam o "Reino de Pedra Bonita". Ariano Suassuna posteriormente lança uma de suas primeiras obras marcantes chamada de "Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta" inspirada no ocorrido com João Antônio e seu conselheiro João Ferreira. Mais tarde, quando secretário de Cultura, elabora o local e transforma-o em uma "ilumiara", isto é, um palco de teatros onde ocorreu o massacre.

Além do mais, Euclides da Cunha registra o ocorrido na obra "Os Sertões", onde podemos ler um trecho que diz:

"Este lugar foi, em 1837, teatro de cenas que recordam as sinistras solenidades religiosas dos achantis. Um mamaluco ou cafuz, um iluminado, ali congregou toda a população dos sítios convizinhos e, engrimpando-se à pedra, anunciava, convicto, o próximo advento do reino encantado do rei D. Sebastião. Quebrada a pedra, a que subira, não a pancadas de marreta, mas pela ação miraculosa do sangue das crianças, esparzido sobre ela em holocausto, o grande rei irromperia envolto de sua guarda fulgurante, castigando, inexorável, a humanidade ingrata, mas cumulando de riquezas os que houvessem contribuído para o desencanto."

Sem dúvidas podemos refletir - qual o motivo de algo tão macabro ter existido? Seria apenas por poder? Criar um reino fantasioso apenas para controlar um punhado de sertanejos que somente estavam lá porque buscavam esperança? O massacre de Pedra Bonita tão cedo deve ser esquecido, e sem dúvidas jamais deve se repetir.

9 estados ou mais? - Propostas de novos estados nordestinos

Atualmente, há 9 estados no total que pertencem à Região Nordeste, são eles: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Alagoas e Bahia. Todos com a região já estabelecida pelo IBGE em meados da década de 60. No entanto, tem surgido entre estas diversas unidades federativas, propostas para um desmembramento entre elas - ou melhor, uma "separação" de estados. Vamos conhecer mais sobre algumas delas?

Como assim desmembramento?

Bom, resumidamente e de forma simples, o novo estado advém de um desmembramento de uma Unidade Federativa já existente (exemplo: Mato Grosso do Sul, originado do estado de Mato Grosso), formando uma nova região, uma nova área administrativa e consequentemente novos símbolos para o território.

A proposta de criação para novas unidades federativas não é tão recente, ela remonta desde o Império do Brasil e perduram até a contemporaneidade. Para serem realizadas efetivamente, é necessário primeiro passar como proposta no Congresso Nacional (primeiramente aprovada na Câmara dos deputados, para então seguir para o Senado Federal) e também por um plebiscito - afinal a população seria afetada, até o momento desta postagem, mais de 22 propostas estavam em andamento para serem aprovadas.

Por quais motivos isso ocorre?

Há muitos motivos para se desejar a separação, a mais comum tem em vista o descaso que certas regiões sofrem por estarem longes o bastante da capital da Unidade (como é a proposta do Estado de Tapajós, no Pará; e de Juruá no Amazonas) e também por motivos de vantagem econômica, visto que receberiam uma verba maior para investimentos locais (como a proposta do Estado de Gurgueia no Piauí).

Propostas de Novas Unidades Federativas no Nordeste

Como exemplificado antes, um dos exemplos mais famosos de proposta separatista é o Estado de Gurgueia no Piauí, além do também debatido Maranhão do Sul. Nos próximos artigos apresentaremos as propostas destes estados de forma detalhada, seus motivos e quais consequências poderiam trazer.