O Nordeste apresenta em sua essência uma vasta riqueza histórica, natural e social. Por exemplo, temos comemorações, culinária e artes incríveis o suficiente para falar sobre elas durante vários dias seguidos. Mas como não possuímos tempo e nem energia o suficiente para realizar tal proeza, contentaremos apenas com um tópico por vez.
E sobre o que falaremos hoje? Ora, será sobre a pérola da nossa terra, a riqueza escrita e colocada sobre fios de barbantes, é exatamente sobre o Cordel, uma obra nordestina provinda de meados do século XII e XIII. No entanto, ela vem sendo esquecida por nós mesmos - nordestinos, no qual acarreta em uma enorme perda de conhecimento, a ponto de haver o risco de sermos totalmente influenciados por outros gêneros artísticos - inclusive "Não-Nacionais" - e acabar por destruir nossa própria imagem cultural. Aliás, pergunto ao caro leitor: O que é cordel?
Proveniente da Europa, o cordel nasce entre o século XII e XIII nos arredores da Península Ibérica - atual Portugal e Espanha - durante a Idade Média. Neste período, a taxa de analfabetismo era alta, logo, os "trovadores" - artistas que criavam músicas e contos tematizados em fatos ocorridos ou sobre eventos fantasiosos - tinham a função de "jornalistas" , isto é, relatavam sobre eventos ocorridos por meio de "oratórios" ou pela própria poesia, mantendo assim, a informação para a população campesina e não-letrada.
Na chegada do Renascimento - durante o século XIV - é criada o que poderíamos chamar de primeiraimpressora, o que facilita a publicação e a venda do que em breve seria chamado de cordel, ganhando este nome pelo fato dos livretos serem expostos em cordas de barbantes - ou como eram conhecidos, cordéis. Consequentemente, sua fama extrapola as fronteiras portuguesas para regiões onde hoje seria a Alemanha, França e muito mais, inclusive, é por este motivo que chega até aqui, no Brasil, durante a colonização.
Aqui - como todos sabem, o Brasil foi descoberto onde hoje é a Bahia - o cordel nacional ganha sua força no Nordeste, ao lado de uma nova técnica, a xilogravura - um sistema para criar figuras. Além do mais, é formada em nosso solo suas variantes, que são o repente e a embolada, surgem grandes cordelistas como o piauiense Firmino Teixeira do Amaral, João Martins de Athayde, Aderaldo Ferreira, dentre outros. O estilo artístico em si começa a florar em nossa região de maneira exponencial, a ponto de ser considerado um patrimônio nordestino.
Porém, com o advento de uma "nova" Globalização e de uma Nova Ordem Mundial, as influências estrangeiras chegaram em solo brasileiro e começaram a se sobrepor em relação ao cordel e outros estilos nativos, apresentando uma certa supremacia contra a cultura local e deixando-o em um crescente esquecimento.
Hoje o "cordelismo" não é ensinado com bastante frequência nas escolas nordestinas, e isso deve ser contornado, a fim de proteger nosso conhecimento e arte regional para as futuras gerações. Ademais, o cordel não é apenas um mero "estilo de arte", podendo apresentar diversas funções:
• Aprendizagem: Assim como o trovadorismo - que trazia notícias para a população - o "cordelismo" tematiza sobre história, folclore entre outros eventos, além de seu preço acessível, a literatura de cordel permite que a classe mais baixa consiga obter conhecimento a respeito do mesmo.• Alfabetismo: Como seus preços são baixos, ele faz com que a população analfabeta aprenda a ler, uma vez também que por apresentar palavras regionais facilita o entendimento para o leitor nordestino.
• Patrimonial: Por apresentar termos, um enredo e figuras locais nordestinas - além de relatar o folclore regional - é criado uma imagem para o povo nordestino, assim como o sentimento de pertencer a tal.
Mas o cordel não seria então influência estrangeira?
Deve-se compreender, no entanto, que durante a formação do "nosso Brasil", não tínhamos uma base de valores e costumes próprios e unificados, mas com o passar dos anos, devido às influências iniciais - e deve ressaltar, essenciais - criamos a nossa própria Cultura Brasileira, e um exemplo disso é o próprio cordel, que surgiu em um período de "formação de valores". Após tamanhas transformações, temos hoje a verdadeira e original base de costumes brasileira. Por esse motivo não precisamos de nenhuma interferência de hábitos a mais, mas sim de uma maior "autovalorização".
É essencial o brasileiro se concienteziar à respeito da própria cultura e da valorização desta, ótima postagem !!
ResponderExcluirTbm acho
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